Roraima espera colher mais de 400 mil toneladas de soja – Secom/RR
Carol Amorim
RORAIMA O agronegócio em Roraima foi impulsionado com o aumento de 191% na produção da soja, em 4 anos de investimentos. A previsão para a safra 2023/2024 é de 410,4 mil toneladas do grão, cultivados em uma área de 125 mil hectares, um recorde, comparado aos anos anteriores.
Segundo dados da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Inovação (Seadi), somando todo o cultivo de grãos do Estado (arroz, milho, soja, feijão), a Conab estima a marca de 544,3 mil toneladas. Estes números refletem um crescimento excepcional da produção. Somente com a soja, comparando com o ano de 2018, o Estado testemunha em 2023 um aumento de 226,95% na área plantada e um crescimento previsto de 12% na produtividade.
De acordo com a Seadi, tais avanços destacam o papel crucial da soja no agronegócio roraimense, contribuindo substancialmente para a geração de emprego e renda. Hoje, o Estado já dispõe de agroindústrias, responsáveis pela fabricação de rações, de esmagadora de soja de grande escala para a produção de óleo refinado e farelo.
Ainda conforme a pasta, durante os meses de junho a agosto, uma equipe de pesquisadores da Seadi percorreu 218 propriedades, e identificou 196 delas envolvidas no plantio de soja. 124.898 hectares de terra foram alocados para a safra de 2023, o que representa aumento significativo de 23% em relação ao ano anterior. Em 2022, a área plantada havia totalizado 101.503 hectares.
“Este ano, a descoberta de 37 novas áreas de lavouras de soja resultou em um aumento de 18,87% no número total de propriedades produtoras do grão. Essas novas áreas somam 9.178 hectares – 7,34% do total de área plantada. Para a safra de 2023, os agricultores almejam uma produtividade média de 58,2 sacas por hectare, com registros de até 75 sacas por hectare em áreas em fase de colheita”, explica a pasta.
Investimento
A Seadi afirma que nos últimos anos, o Governo de Roraima vem implementando medidas importantes para o desenvolvimento do Estado, dentre elas está a regularização fundiária, o licenciamento ambiental, a infraestrutura de pontes, estradas, energia e incentivos fiscais. Esses esforços resultaram no florescimento e fortalecimento notável da cadeia produtiva de soja, consolidando Roraima como uma das mais promissoras fronteiras agrícolas do país.
Soja representa 2,6% do PIB de Roraima
Saca de soja é comercializada a R$ 130,00 – Charles Bispo
Os grãos de soja desempenham um papel significativo na economia de Roraima, representando 2,6% do PIB do estado e mais de 60% do que a agricultura acrescenta à economia local, conforme dados da Seadi. O crescimento contínuo desse setor reflete a importância da soja para o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade do Estado.
O setor de armazenamento também se destaca, com emprego de mais de 430 pessoas em silos, cujo valor varia de acordo com a demanda. Quanto ao faturamento, a cotação atual da saca de soja a R$ 130,00 indica um estimado de R$ 907.183.329,00, sujeito a flutuações de preço conforme acordos de venda.
As capacidades de armazenagem em 2023 são impressionantes, com 272.923 toneladas em armazenamento estático e 489.399 toneladas em armazenamento rotativo.
A soja de Roraima é adquirida por diversos compradores, incluindo a Serra Verde, que a utiliza para produzir óleo degomado e subprodutos, bem como fábricas de rações locais como a Fábrica Criação e Fábrica Vitória. Além disso, grupos como Amaggi compram diretamente dos produtores para comercializar o grão in natura, enviando-o via Portos do Amazonas para processamento em outros estados e exportação.
Pesquisa da Embrapa viabilizou cultivo de soja em Roraima
Após décadas de estudo, soja é protagonista da agricultura roraimense – Charles Bispo
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/RR), estuda o desenvolvimento da agricultura e pecuária. Até a década de 80, a soja era produzida somente nos estados de alta latitude como o Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Após estudos intensos do órgão, a soja foi introduzida para que se adaptasse ao clima de baixa latitude de Roraima.
Visando o potencial da soja e uma alternativa de desenvolvimento econômico, a Embrapa cultivou a BRS Tropical e somente 30 anos depois de testes, foi possível ver o protagonismo da soja. Para o pesquisador Vicente Gianluppi, além da soja, agora os estudos seguirão para novos grãos e como será a adaptação no solo arenoso, pouco chuvoso e quente.
“Ninguém acreditava no potencial da soja aqui em Roraima, mas foi com grande esforço que hoje conseguimos alcançar essa colheita de mais de 120 mil hectares de soja plantada, que irá gerar até R$ 1 bilhão de receita para o Estado”, ressalta Gianluppi.
Agora, com a consolidação da soja, o objetivo da Embrapa será tornar o grão mais eficiente e adaptável a outros climas.
Lançamento da colheita de soja mostra força do setor produtivo
125 mil hectares foram semeados nesta temporada – Charles Bispo
No sábado, 19, Roraima iniciou a colheita da soja com um megaevento de abertura, que reuniu investidores, produtores rurais, empresários e autoridades, na sede da fazenda Rancho Grande, na zona rural de Boa Vista, marcando um importante passo para a economia do Estado.
O evento é uma realização conjunta da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Roraima (Aprosoja-RR), Federação da Agricultura e Pecuária de Roraima (Faerr) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RR).
Entusiasta do agronegócio, o governador Antônio Denarium (PP) diz que o aumento na produção tem chamado a atenção de grandes indústrias e investidores. Ele destacou que o plantio respeitou a legislação ambiental, além de auxiliar no combate a incêndios florestais e o desmatamento ilegal.
“Estamos gerando emprego e renda, estamos crescendo, dando liberdade econômica. Mesmo com as adversidades, como a crise migratória, não paramos de trabalhar, tem dado certo e temos muito apoio da população”, disse Denarium ao Norte Extremo.
O secretário de Atração de Investimentos do Estado de Roraima, Aluízio Nascimento, descreve a largada da colheita como uma “demonstração de crescimento, segurança alimentar e sustentabilidade”.
“A colheita prevista é de acima de 400 mil toneladas de soja. Se fossemos exportar essa quantidade hoje, seria o equivalente a nove navios. Nós temos uma agroindústria aqui, a Serra Verde, que esmagará 45% dessa soja, transformando em farelos, óleo de soja e outros subprodutos derivados. Pelo menos 300 mil toneladas do grão devem ser exportadas enquanto o restante vai abastecer o mercado local”, explica Nascimento.
Proprietário da fazenda Rancho Grande, que sediou o evento, o agricultor Armin Kliewer descende de uma geração de produtores europeus, atuando na produção de soja “desde sempre”. Ainda muito jovem, mudou-se para Roraima em busca de novas perspectivas de negócios e encantou-se com o solo e vegetação propícios para o plantio de soja e milho. Para ele, o suporte oferecido pelo Governo Estadual, como a regularização fundiária, titularização de terras e resoluções ambientais, são importantes atrativos para investidores.
“Rancho Grande possui 2.200 hectares. Plantamos 1.000 hectares de soja, alguns hectares de milho e destinamos 200 hectares para o gado, e foi incrível ver como a soja e o milho se adaptaram muito bem ao calor roraimense”, ressalta.
A “largada” da colheita ainda teve a participação da advogada Paula Boaventura, presidente da Comissão Nacional de Direito do Agronegócio da Associação Brasileira de Advogados, que ministrou uma palestra sobre “A importância da participação da mulher na agricultura brasileira” e o pesquisador e escritor, Evaristo Miranda, que ministrou a palestra “Elementos da sustentabilidade da agropecuária brasileira”.
Num stand do Senar/RR, agricultores podiam simular por meio de um óculos de realidade virtual como são realizados os cursos profissionalizantes dentro do agronegócio. A superintendente da instituição, Amanda Torquato, enfatizou que o órgão oferece diversos cursos para o desenvolvimento do setor produtivo e que busca oferecer novas ferramentas e tecnologias para os produtores e suas propriedades.
Recorde de vendas
Mais de 70 empresas e empresários do ramo de maquinários também estiveram presentes em stands, expondo máquinas colheitadeiras, pulverizadores, tratores e plantadeiras, que podem ser acessíveis desde o micro até o grande empresário, como afirma o gerente de vendas da Green Máquinas, Helton Kutsunugi.
“Este ano é um ano recorde de vendas. O Governo do Estado vem fomentando a agropecuária, então nós que vendemos temos boas expectativas de faturamento. Uma colheitadeira pode ser adquirida pelos produtores por meio de recursos do BNDES. Com esse incentivo é certeza que virão novos produtores e que Roraima irá crescer ainda mais”.
O presidente da Aprosoja, Geraldo Falavinha, destaca que a abertura da colheita é uma vitrine para o mercado exportador. “É um evento de grande magnitude para Roraima, além de ser possível ver que tudo é feito respeitando o meio ambiente. A produção de grãos será fundamental para alavancar a economia”, disse.