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Sul de Roraima: Do cultivo do cacau e dendê, ao futuro com à inteligência artificial

O óleo de palma é uma das essências mais comercializadas no mundo – Divulgação

Cacau Bastos

RORAIMA São João da Baliza, a 220 km da capital, tem se tornado um grande celeiro produtivo. Além dos pequenos produtores tradicionais, empresas privadas estão se instalando naquele município para produzir diversas culturas, em destaque, a palma de dendê e o cacau.

Dados da Secretaria Estadual de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (Seadi), apontam que nos últimos anos o plantio de cacau se desenvolveu com incentivos, fortalecendo as produções em Caroebe, Rorainópolis, São João da Baliza e São Luiz, ao sul do Estado, totalizando o plantio de 456,62 hectares.

Nessas localidades, o Governo do Roraima disponibiliza insumos diversos, dentre eles calcário, fertilizantes e sementes, além de promover assistência técnica aos produtores. A estimativa da Seadi até 2028 é plantar 1.500 hectares de cacau em todo o Estado.

São João da Baliza, localizado às margens da BR-174, principal rodovia que liga Roraima ao Amazonas, é comandado pela prefeita Luiza Maura (Progressistas). Conhecida por sua experiência com o cultivo do dendê, sabe a importância de investimentos na agricultura, para desenvolver a região.

Luiza explica que a cultura da palma do dendê e do cacau geraram uma nova oportunidade de negócios no sul do Estado, criando centenas de empregos diretos e indiretos.

Esses novos empreendimentos, já instalados na região, movimentam a economia e empregam famílias inteiras. “Consequentemente [esses ganhos econômicos] são transferidos aos empresários locais, além da valorização de terras, que nos possibilita vivenciar o que há de melhor em tecnologia renováveis e ações de sustentabilidade”, ressalta a prefeita.

Na outra ponta, o grupo Brasil BioFuels (BBF) é um exemplo de atuação no sul do Estado em pleno crescimento econômico. Com cerca de 6.000 hectares plantados e em expansão do óleo de palma, mais conhecido como óleo de dendê, seu cultivo atualmente está dividido nos municípios de São João de Baliza, São Luiz e Caroebe.

Líder na produção de óleo de palma na América Latina, a BBF pretende agora focar no cultivo do cacau nas áreas degradadas e aptas para o plantio da cultura. A curto prazo, a empresa diz que vai plantar mais de 1.000 hectares do fruto até o segundo semestre de 2024.

De acordo com Joane Maggioni, engenheira florestal e gerente do Projeto Cacau do Grupo BBF, o foco da empresa é na produção de óleo de palma. Contudo, nas áreas degradadas, onde a regulamentação vigente proíbe o cultivo da palmeira, serão plantadas outras espécies, como o cacau e espécies nativas, incluindo o açaí.

Segundo o Código Florestal e o Marco Regulatório de Zoneamento Agroecológico, a produção e o manejo para a cultura da palma de óleo na Amazônia exigem regulamentações rígidas. Estas,  determinam especificamente onde é permitido o cultivo de palma e onde não é.

Maggioni explica que além da recuperação das áreas degradas, existe um projeto audacioso para o cultivo do cacau. “Estamos apostando na iminente valorização do cacau e, até 2030, pretendemos cultivar aproximadamente 30 mil hectares. Com isso, aspiramos nos tornarmos o maior produtor individual de cacau do mundo. Pretendemos também processar o cacau e comercializar produtos finais, como manteiga de cacau e cacau em pó”, destaca.

O grupo BBF foi fundado em Roraima em 2008 e hoje atua também nos estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. São mais de 75 mil hectares plantados e com uma capacidade de produção de 200 mil toneladas de óleo de palma por ano. Gera 7 mil empregos na área de atuação e pretende, com a expansão do cultivo do cacau, aumentar em 65% a oferta de novos empregos.

O cacau é utilizado na fabricação de chocolate, mas também é muito apreciado pelo sabor da sua polpaDivulgação

Agronegócio e a Inteligência Artificial

A revolução trazida pelo ChatGPT, embora recente, está ganhando terreno de forma cautelosa, mas determinada. Essa inovação em inteligência artificial, desenvolvida pela OpenAI e lançada apenas no ano passado, já se tornou uma realidade influente, até mesmo em setores como o agronegócio.

A engenheira florestal Joane Maggioni explica que a presença da IA como uma ferramenta já é adotada pela BBF. “É importante frisar que a IA é apenas uma ferramenta, não uma regra. Quando se trata do ChatGPT, muitas vezes surge uma ideia de codependência. Contudo, é crucial entender que é uma ferramenta de apoio para tomada de decisões, e não deve, por si só, tomar as decisões por você”, diz.

Ela exemplifica atividades como a criação de tabelas para uma análise de dados, que normalmente leva dias para ser concluída. Com o ChatGPT, essa análise pode ser entregue em minutos.

“Ele [ChatGPT] me permite realizar recomendações de adubação ou correções do PH do solo de forma mais eficiente. Portanto, é uma ferramenta que realmente agiliza e simplifica algumas das tarefas mais burocráticas”, garante Maggioni.

Em seus negócios, conforme a engenheira florestal, a inteligência artificial ainda permite “entregar análises econômicas e informações sobre investimentos, retorno, plantação versus hectares, sendo necessário, claro, uma certificação dos dados”.

“Ou seja, mesmo sendo uma ferramenta muito inteligente, do outro lado da tela é necessário ter uma pessoa capacitada para saber interpretar os dados e verificar se estão corretos”, finaliza.

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