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Cattleya: gênero de orquídeas possui espécies originárias da Amazônia 

Cattleya Eldorado é uma das espécies endêmicas da região amazônica, com flores grandes e vistosas de coloração variada do lilás-escuro ao branco – Jorge Macêdo

Vanessa Lima

RORAIMA As orquídeas são quase unanimidade entre as pessoas quando o assunto é a beleza e o perfume de suas flores. A Orchidaceae é considerada a maior família botânica do mundo, e na Amazônia um gênero da planta se destaca: a Cattleya, com espécies que só ocorrem nesta região do país. 

Rica em ecossistemas, a Amazônia abriga a maior diversidade biológica do planeta. Quanto à flora orquidológica, são mais de 134 gêneros e 709 espécies catalogadas, sendo que a maioria são epífitas, ou seja, vivem sobre outros vegetais. Pelo mundo, estima-se uma variação entre 15 mil e 35 mil espécies de orquídeas distribuídas em mais de 800 gêneros. 

De acordo com o livro sobre as ‘Orquídeas Nativas da Amazônia’, publicado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, das 45 espécies do gênero Cattleya catalogadas até então, sete ocorrem na Amazônia brasileira. Destas, duas são endêmicas da região: a Cattleya Eldorado e a Cattleya Araguaiensis. 

“A primeira é de ocorrência restrita a algumas regiões do estado do Amazonas, nas campinas de areia branca e igapós. É uma espécie muito bonita, possuindo flores grandes e vistosas, com coloração variada que vai do lilás-escuro ao branco. Estas espécies são conhecidas há bastante tempo e, como as demais Cattleya, são altamente ornamentais e passíveis de comercialização, desde sua descoberta e descrição, em 1826”, diz trecho do livro. 

Cattleya violacea encanta por sua beleza – Jorge Macêdo

Um apaixonado pelas orquídeas do gênero Cattleya é o empresário, José Luiz Zanirato Maia. Paulista, vive no Amazonas desde 1993 e se tornou orquidólogo e colecionador da planta. “Sou apaixonado pela Amazônia de forma bem ampla, e não só de boca como muita gente fala que ama. E as orquídeas fazem parte desses ecossistemas”, frisa. 

A coleção começou de forma amadora, no apartamento em que morava, mesmo que com pouco espaço. “Desde criança sou um ávido colecionador e sempre fui uma pessoa muito detalhista. Não gosto de trabalhar nada de forma superficial. Eu procuro pesquisar a fundo, conhecer”, detalhou. 

“A quantidade de espécies de orquídeas é um negócio gigantesco. Como colecionador, você tem que fazer um corte, definir no que se especializar. Então eu busquei a espécie que é considerada a mais representativa, que é o gênero Cattleya. Comecei a fazer pesquisas bibliográficas e criar essa matriz para buscar ter todas as espécies de Cattleya existentes. Tem orquídeas desse gênero de A a Z”, explica Maia. 

José Luiz Zanirato Maia é colecionador e possui mais de mil exemplares de orquídeas – Divulgação

Atualmente, o orquidólogo tem mais de mil orquídeas. Das espécies de Cattleya existentes, falta apenas uma em sua coleção. “Se trata da Cattleya Mooreana, a última deste gênero a ser descoberta, em meados da década de 1980, no Peru. É uma planta que eu já consegui mudas, mas ainda não consegui cultivar aqui”, destaca. 

Em sua coleção, há plantas oriundas da Colômbia, Equador, Peru e ainda da Venezuela, país que possui uma grande riqueza em Cattleya. De Roraima, ele tem a Cattleya Violacea.

Maia, que já foi presidente da Associação dos Orquidófilos do Amazonas, rodou o Brasil pesquisando sobre orquídeas e publicou artigos em revistas especializadas. “Fiz um trabalho sobre a Cattleya Eldorado identificando todas as variedades que já tinham registro e publiquei. Foi uma revista que teve repercussão internacional. Fui procurado por pessoas da Alemanha e do Japão para falar sobre a matéria”, lembra. 

Orquidário com coleção de Cattleya – Divulgação

Além da beleza das Cattleya, algumas se destacam pelo alto valor de mercado, chegando a serem comercializadas por R$ 50 mil a muda. A Cattleya Walqueriana, característica de Minas Gerais e Goiás, é um exemplo. Outra orquídea famosa é a Cattleya Labiata, utilizada para desenvolver o perfume Chanel nº 5. 

“A Cattleya é um gênero de orquídeas que tem grande expressão e é uma paixão mundial. Colecionar essas plantas é um hobby fantástico. Sou apaixonado”, declara José Luiz Zanirato Maia. 

Embrapa Roraima realiza estudo sobre a flora orquidófila do Estado     

Rudolfiella aurantiaca é encontrada em países da América do Sul – Jorge Macêdo

A Embrapa Roraima vem realizando estudo sobre a flora orquidófila de Roraima desde 2010, quando se credenciou junto ao Conselho do Patrimônio Genético (CGEN). 

Ao longo desse período, pesquisadores da instituição obtiveram amostras de plantas da família botânica que, após identificadas, são mantidas em condições de cultivo ex situ, ou seja, em condições diferentes daquelas de suas origens.  

As plantas obtidas são cultivadas em condições específicas de luminosidade e umidade, aplicando-se os tratos culturais requeridos para proporcionar seu crescimento e desenvolvimento. 

A coleção, atualmente, segundo a pesquisadora da Embrapa Jane Franco, constitui-se por diversos exemplares, sendo os gêneros mais representativos: o Epidendrum, Catasetum e Maxillaria.

Os gêneros podem ser representados pelas diferentes espécies, que carregam consigo a diversidade de cores das flores, formato e outras características morfológicas que as distinguem entre si. (Com informações da Assessoria de Comunicação da Embrapa).

Zygosepalum labiosum – Jorge Macêdo
Stanhopea grandeflora – Jorge Macêdo
Cattleya luteola – Jorge Macêdo
Cattleya lawrenceana – Jorge Macêdo
Cattleya jenmanii – Jorge Macêdo
Brassia lawrenceana – Jorge Macêdo
Brassavola martiana – Jorge Macêdo
Acacallis cyanea – Jorge Macêdo

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